A carta escrita por Luiz Miguel Militão, preso pelo homicídio de seis portugueses, foi divulgada nesta quarta-feira (26). Em um pedaço de papel, o detento renunciou o direito de frequentar as aulas do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Militão acusa as elites de terem realizado um espetáculo midiático, assustando a população. De acordo com o preso, houve uma grande repercussão da decisão judicial, agitando o meio acadêmico. Ele considera esse fato como prejudicial ao bom funcionamento da UFC. A carta é finalizada com o pedindo de arquivamento do processo.
Confira a carta
Desistência
 A informação foi confirmada em primeira mão, à Jangadeiro FMpelo promotor de Justiça Sílvio Lúcio Correia Lima. A desistência do preso foi anunciada, segundo o promotor, por meio de uma carta manuscrita entregue na manhã desta quarta-feira (26) à direção do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz, onde está preso. “Ele escreveu uma carta na qual afirma que desiste de cursar Geografia em virtude da repercussão que o fato tomou”, diz.
O detento pede na carta que a mensagem seja entregue ao juiz Luiz Bessa Neto, da 1ª Vara de Execução Penal da Comarca de Fortaleza. O magistrado foi o mesmo que decidiu que Militão poderia cursar Geografia na UFC, curso no qual foi aprovado no Enem.
Decisão
O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) havia determinado na última quinta-feira (20) que o detento estava autorizado a frequentar as aulas na UFC, contrariando o Ministério Público do Ceará (MP/CE) que iria recorrer da decisão. O juiz Luiz Bessa Neto, avaliou que o preso merecia uma chance de poder cursar Geografia, curso em que foi aprovado no vestibular. Ele decidiu ainda que dez policiais armados deveriam fazer escolta para o acompanhamento do detento.
UFC
O reitor da UFC, Jesualdo Farias, havia declarado em nota no site da universidade que ainda não havia sido notificada sobre a decisão da Justiça em aceitar que um detento frequentasse as aulas e ressaltou que não aceitaria a entrada da escolta feita por policiais militares no campus. “Por todos os meios legais, se buscará impedir que a escolta, formada por 10 policiais militares, ingresse no campus”, informou.
O crime
Luiz Miguel Militão Guerreiro, que também é português, foi condenado a 150 anos de reclusão, em regime fechado, em 20 de fevereiro de 2002. Ele responde por latrocínio, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Segundo o TJCE, o crime teve repercussão nacional e internacional e ocorreu em 12 de agosto de 2001, em uma barraca na Praia do Futuro, em Fortaleza.
Os empresários portugueses Victor Manuel Martins, Antonio Correia Rodrigues, Joaquim Manoel Pestana da Costa, Joaquim Fernandes Martins, Joaquim da Silva Mendes e Manuel Joaquim Barros foram amarrados, espancados, baleados e depois enterrados, ainda com vida, em uma vala clandestina, cavada no interior da barraca. O objetivo seria roubar dinheiro e objetos pessoais das vítimas.